Perdida na Capela Sistina (Roma, Itália)

“Enquanto minhas companheiras seguiam apressadas, procurando por obras específicas, fui ficando para trás. Andava vagarosamente, admirando com prazer tantas maravilhas…” — Mahylde (Natal-RN, 84 anos) não se lembra da Capela Sistina (Roma, Itália) da mesma forma que outros viajantes.

ninguém consegue desgrudar os olhos do teto

ninguém consegue desgrudar os olhos do teto

Aos 78 anos de idade participei de uma excursão pela Itália em companhia de Aurinha, uma amiga bem mais jovem. Naquela tarde fomos, em um grupo de 04, visitar o Vaticano. Estávamos especialmente interessadas em conhecer a Capela Sistina. Compramos os ingressos e enfrentamos a fila, que era enorme!

Ao entrarmos, fiquei extasiada! Enquanto minhas companheiras seguiam apressadas, procurando por obras específicas, fui ficando para trás. Andava vagarosamente, admirando com prazer tantas maravilhas… Embevecida, quase adormecida, fui me afastando de minhas amigas, que desapareceram na multidão.

Em um dado momento me virei para fazer algum comentário, e me sobressaltei: não havia um só vestígio delas. Fiquei apavorada. Continuei em frente, olhando para todos os lados, preocupada, até deparar-me com umas janelas altas e compridas. Pela janela, vi a parede do outro lado e, em outra abertura, lá estavam elas! Chamei. Elas me viram, e a alegria foi recíproca. As janelas eram tão próximas, que nossas mãos quase se tocavam.

– “Achei vocês! Graças a Deus!” – exclamei.
– “Achamos Mahylde, obrigada Senhor!” – diziam elas.
– “Venha para cá!” – pediram.
– “Estou indo! Esperem!” – respondi, e sai quase correndo.

Qual nada! Entrei novamente em um labirinto de colunas, pessoas e empecilhos à passagem, que me levaram para outro lado. Um minuto antes parecia que estávamos tão perto, no entanto, elas desapareceram novamente. Caí em um emaranhado de divisões internas; quanto mais andava, menos chegava onde queria. De repente, toda aquela riqueza, beleza e suntuosidade não mais me encantavam. Eu só queria sair, respirar ar puro, ver o céu de verdade. Tenho certeza que elas também estavam aflitas, mas, pelo menos estavam juntas, enquanto eu estava sozinha.

todos os cantos cobertos por arte

todos os cantos cobertos por arte

Afinal encontrei uma escadaria, desci até o último batente, sentei-me e comecei a chorar. Um jovem guarda se aproximou, tentando ajudar. Disse-me que era proibido ficar sentada ali; me sugeriu ir para o pátio interno e ficar observando os passantes, até encontrar minhas amigas. Perguntou-me sobre o que cada uma estava vestindo, mas eu não tinha certeza. Então me orientou sobre onde encontrar um táxi. Foi muito simpático.

Lá fora, fiquei vendo as pessoas passarem, até não haver mais quase ninguém. Era final de tarde, e todos haviam deixado a Capela Sistina. Dirigi-me para a Praça de São Pedro, e fiquei perto do obelisco, ponto de muitos encontros e desencontros. Ali, avistei o ponto de táxis, e também as charretes. Dirigi-me a um charreteiro para perguntar quanto seria para me conduzir ao local onde sabia que o grupo iria jantar. Discutimos o preço, eu disse que estava esperando umas amigas e me afastei. Quando estava quase me decidindo a ir finalmente embora, me deparei com minhas amigas, que tinham se demorado lá dentro, me procurando. Foi aquela alegria. Até choramos! Tomamos a charrete que eu havia contratado. Foi uma farra! E também foi grande a alegria ao chegarmos à Praça de Espanha e encontrarmos o grupo da viagem, que nos aguardava impaciente, pois estávamos bastante atrasadas.

Dias depois, antes de continuarmos a excursão, fiz questão de ir novamente até a área externa da Capela Sistina para despedir-me do jovem guarda que me ajudara, pois senti que ficara preocupadíssimo comigo. Descobri que era um seminarista que, indo estudar em Roma, prestava serviços no Vaticano.

Portanto, minha lembrança da Capela Sistina é diferente da que outros visitantes contam. Naquela ocasião infelizmente não pude curti-la como desejava. Mas acredito que ainda voltarei a visitá-la, dessa vez sem surpresas.

Esse foi o destino inesquecível de Mahylde. Você já fez uma viagem mágica? Conta para a gente!

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